sábado, 4 de julho de 2009

PARA QUE UM SOBREVIVA O OUTRO TERÁ QUE CAIR?


Fig.3 - Vito Acconti - O prazer virtual

«Toda a gente é forte desde que queira»
(Sainte-Beuve)
Ninguém é bom demais para não se deixar viciar por alguma coisa (droga, sexo, dinheiro, poder, preguiça, fama, trabalho, política, leitura, jogos interactivos, etc, etc.).



Sofres de insónias?
Snifa um blogue, e come uma bolacha cheia de veneno.
Ou então escava um poema no crânio da página ou na racha do betão.
Um poema é pior que uma máquina de partir pedra.
Um poema é uma espécie de retroescavadora a triturar
os sonhos de uma vida sem sentido.
Mas não te preocupes porque a vida ainda não termina aqui.
Eu sei que não há biometafísica no mundo das frases.
Há apenas desejos e os homens do terror.
Amor? Que se foda o amor!
Só interessam as viagens, as derrapagens,
as paragens e os grandes dissabores.
Não penses muito nisso,
senão ainda assassinas a vontade de viver.
É que a vida é a única coisa que temos.
Por isso, não encenes demasiado aquilo que imaginas.
Vive tal como sonhas ou então sonha
tal como vivem as personagens do Teatro completo»
de Sarah kane (a última dramaturga morta do século XX).
Ela que se fartou de viver. De comer. De foder.
Queria mais tensão. Mais tesão. Mais ilusão.
Fodeu-se? Ou foderam-na?
Ela que repetia, vezes sem conta,
que «a vida é uma merda!».
Enfim, não suportou o peso da velha História das mentalidades,
agora pendurada no esqueleto da sua própria vida.
Deixou-se vergar pelas forças intragáveis da escrita.
Da escrita maldita do poema que mata.
(Cuidado! Porque a arte de facto pode matar...!).
Foi ver os pombinhos da rua do inferno.
Deixou de ser terrestre. De ser terrena. De ser morena. De ser artista.
Foi tocar na vida, para não ser mais violada pela frustração da incontinência
do eterno pensamento de uma qualquer miniatura de Deus
(Deus, eis a imagem que mata).

Há pessoas que são incapazes de suportar o peso da vida.
Vergam facilmente...
Por isso, não te deixes vergar, nem pelo peso,
nem pelo silêncio da vida.
Sonha! Combate! Luta! Vive!
Para ganhares a vitória final!
Assim, um dia serás eterno!
Como as moscas sagradas?
Ou como as formigas que esmagas?
CONTRA OS DONOS DA CORRUPÇÃO...






Fig.4 - Eusébio Almeida, Sexo e Terrorismo, Pintura a óleo s/tela, 2007, Colecção do Palácio do Correio Velho, Lisboa.

Nota do autor: este trabalho foi desenvolvido a partir do livro «Os Homens do Terror», de Hans Magnus Enzensberger, publicado pela primeira vez em Frankfurt, em 2006.

Quem são, porque matam e morrem os terroristas de hoje, eis algumas das mais interessantes questões levantadas no livro acima enunciado.


Existe uma edição Portuguesa, publicada pela Sextante Editora (Não Ficção), 1ª edição, Março de 2008.

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